No apagar das suas luzes, o governo Lula encaminhou ao Congresso um plano nacional de educação para vigorar na década que está para começar. O plano ainda em vigor foi aprovado em 2001, e cumpriu um papel relevante. Embora os desafios que se tem pela frente sejam enormes, o plano teve o mérito de pôr a educação na agenda política e, principalmente, o de estabelecer metas de qualidade para o setor.
O Brasil possui hoje um sistema de aferição da qualidade da educação em diferentes níveis, estado por estado, e até em microrregiões homogênas. É possível aferir-se a qualidade do ensino distintamente no sistema público e nas escolas particulares.
Com esses dados, os educadores contam com preciosa base de informações para traçar um planejamento de médio e longo prazos, pôr em prática mudanças pedagógicas, e reivindicar dos políticos e autoridades governamentais ferramentas para que o país avance nesse campo.
O novo plano aparentemente buscará uma meta ousada: no início da terceira década do século XXI, os índices de qualidade da educação deverão alcançar um patamar já ostentado por nações desenvolvidas.
Para chegar lá, o Ministério da Educação reconhece que será preciso elevar os investimentos no setor para 7% do Produto Interno Bruto (estaríamos atualmente na faixa de 5%). Parte expressiva desse adicional corresponderá a uma melhora na qualificação e nos vencimentos dos profissionais da educação.
De fato, sem que os professores sejam motivados, as metas propostas jamais serão alcançadas. É claro que os educadores poderão recorrer cada vez mais à tecnologia para cumprir suas tarefas. Computadores em laboratórios nas escolas ou nas salas de aula possibilitam o acesso a redes de educação que aceleram o aprendizado. Além disso, a educação infantil (creches e pré-escola) favorece esse aprendizado. Estatísticas recentes em alguns estados mostram uma redução considerável do analfabetismo funcional - que antes alcançava índices alarmantes de 60% na quarta série do ensino fundamental.
Mas, sem que os professores estejam devidamente motivados, pouco se conseguirá avançar, e ficaremos distanciados das metas do novo plano, que será revisto em 2015.
De acordo com o último censo escolar, o Brasil tem 51,5 milhões de alunos matriculados, sendo 42,9 milhões na rede pública, assim distribuídos: 13,4 milhões nas séries iniciais (primeira a quinta) do ensino fundamental, 11,9 milhões nas séries seguintes (sexta à nona), e 7,1 milhões nos três anos do ensino médio. Já há 1,34 milhão de crianças (de até três anos) em creches municipais e estaduais, e 3,5 milhões de 4 e 5 anos matriculadas em pré-escolas. Há ainda 528 mil matrículas nos diferentes níveis da educação especial.
O plano nacional de educação serve de mapa para que a população brasileira possa acompanhar os objetivos que estão sendo perseguidos. Nele não estão definidas as fontes de financiamento do setor, mas talvez isso não seja o mais essencial. O importante é que se dê destaque à educação na agenda política da nação. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário