segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Drogas invadem as escolas

Correio Braziliense - 20/12/2010

A disseminação das drogas pelos diferentes segmentos da sociedade constitui preocupação para famílias e autoridades. Antes restritos a ambientes fechados e discretos, os entorpecentes ganharam os lugares públicos com indesejável desenvoltura. Calçadas, praças, shoppings, elevadores, aeroportos e rodoviárias servem de palco para consumidores que, confiantes na impunidade, fumam e cheiram sem cerimônia.


Nem a escola escapa. Pesquisa da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) apresentou números preocupantes. Divulgado na semana passada, mapeamento feito com 50.890 estudantes das 27 capitais brasileiras mostra que jovens de 16 a 18 anos constituem grupo de risco. Nada menos de 54,9% dos matriculados na rede privada usaram psicotrópicos. O percentual cai na rede pública — 40,3%.


A prática não se restringe aos alunos do ensino médio. Os do ensino fundamental também consomem substâncias ilegais. O estudo comprova que 30,2% dos discentes de colégios particulares contra 24,2% dos governamentais circularam ou circulam pelos escaninhos do submundo da maconha, da cocaína ou do crack. Ao comparar os dois grupos, a pesquisa — feita em parceria com o governo federal e a Universidade Federal de São Carlos (Unifesp) — concluiu: os que pagam os estudos experimentam mais. Os outros usam com mais frequência.


Não é de hoje que a luz vermelha se acende nas instituições de ensino. Pesquisas anteriores comprovaram que a droga circulava por banheiros, salas de aula, pátios de recreio, quadras de esporte. A área externa também servia (e serve) de via para fornecedores e usuários. O meio restrito favorece o controle e o combate, duas frentes que devem ser enfrentadas com urgência. A repressão precisa se centrar, em primeiro lugar, no traficante, para quem não se admite nenhuma tolerância. Em segundo, nos “aviões”, crianças que repassam a droga.


A prevenção é, sem dúvida, o melhor — e indispensável — caminho a ser percorrido. Impõe-se formar exércitos de proteção. No interior do estabelecimento, diretor, professores, psicólogos, alunos têm de estar atentos e adotar medidas eficazes. Campanhas de esclarecimento, estímulo à prática de esportes e atividades artísticas como música, teatro, canto, literatura constituem repelentes à tentação de busca do prazer fácil ou de fuga a problemas. A família, a igreja, os clubes sociais são colaboradores essenciais na guerra árdua que se vence batalha a batalha.

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