quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A desigual conta da educação


Teste internacional põe ensino no país em 53º lugar, entre 65 avaliados. Desempenho teve um salto, mas descompasso entre instituições derruba média. Minas é o 4º melhor estado

O Brasil tem motivos para se orgulhar dos seus avanços na Educação e, ao mesmo, se envergonhar diante do desequilíbrio na qualidade do ensino. Dados do Programa Internacional de Avaliação de alunos (Pisa), divulgados ontem, mostram que o país teve o terceiro maior crescimento no índice que mede o desempenho dos estudantes em leitura, matemática e ciências – atrás apenas do Chile e de Luxemburgo –, mas ainda tem um longo caminho a trilhar.

Apesar das conquistas, os brasileiros amargam a 53ª posição no ranking dos 65 países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelo Pisa. Entre os estados, Minas obteve a quarta melhor média nas três disciplinas, perdendo para o Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A principal disparidade na Educação brasileira aparece na comparação da qualidade oferecida nas diferentes redes de ensino. alunos de Escolas federais obtiveram as melhores médias na avaliação e colocariam o Brasil entre os oito países mais bem colocados do mundo, empatando com o Japão e superando inclusive a França, os Estados Unidos, o Canadá e a Alemanha. Na análise dos estudantes de Escolas particulares, o país estaria entre os 20 melhores. Mas, quando as redes estaduais e municipais entram em campo, a média brasileira despenca e o país fica entre os sete piores do planeta, ao lado de nações como Colômbia, Peru, Kazaquistão e Quirziquistão.

Nos modernos laboratórios de pesquisa do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), alunos listam diferenciais da qualidade do ensino. “Estudei a vida toda em Escola pública, mas não é possível comparar a estrutura de uma instituição federal com uma estadual ou municipal. Temos professores bem preparados e motivados a ensinar, as bibliotecas são bem montadas e os laboratórios nos permitem aprender na prática”, diz Polyana Reis Assis, estudante do 2º ano do ensino médio com formação técnica em edificações, que ainda ressalta a rigorosa seleção de alunos nas Escolas federais. “As instituições têm seu mérito, mas aqui só entram os melhores”, conclui.

MÉDIAS O exame do Pisa é aplicado a cada três anos, desde 2000, e mede o conhecimento de estudantes com 15 anos de idade em leitura, ciências e matemática. Em 2009, 470 milalunos de 65 países fizeram o teste. No Brasil, foram 20 mil jovens avaliados e o desempenho médio nas três disciplinas foi de 401 pontos. O país alcançou rendimento de 405 pontos em ciências (maior nota foi da China, com 575) e ficou em 53º lugar no ranking. Em leitura, os brasileiros fizeram 412 pontos (a maior nota foi da China, com 556) e também ficou na 53ª posição. Já em matemática, os alunos derraparam para a 57ª posição, com 386 pontos (a China também é campeã, com 600 pontos).

Os dados fazem do Brasil o quarto mais bem colocado na América Latina, atrás do Chile, Uruguai e México. Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, o país obteve avanços consideráveis na última década e a meta para 2012 é subir mais 16 pontos na média do Pisa, atingindo a marca de 417 pontos. “O sistema educacional brasileiro está reagindo aos estímulos”, disse Haddad, que aponta como prioridade para atingir a meta o investimento em Educação infantil e a valorização dos professores.

Na análise do cenário dos estados, Minas obteve média geral de 422 pontos e, assim como no restante do país, a matemática foi a grande pedra no sapato. Nos cálculos, os mineiros alcançaram 386 pontos; em ciências, a nota foi 405; e, em leitura, 412 pontos. “O grande diferencial do Pisa é medir o conhecimento dos estudantes em ciências, disciplina que não é contemplada em avaliações estaduais ou nacionais. E o resultado geral de Minas é importante porque nos coloca próximo de outros estados da Região Sul, que são mais homogêneos”, afirma a secretária de Estado de Educação, Vanessa Guimarães.

Fonte: Estado de Minas (MG)

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