Há mais de três décadas, o sociólogo norte-americano William Corsaro, professor na Universidade de Indiana, tem se dedicado a estudar a forma como crianças a partir dos 3 anos interagem
PATRÍCIA GOMES
DE SÃO PAULO
Há mais de três décadas, o sociólogo norte-americano William Corsaro, professor na Universidade de Indiana, tem se dedicado a estudar a forma como crianças a partir dos 3 anos interagem.
Corsaro vai até escolas e pré-escolas, senta-se em um canto e observa. Dessa "posição privilegiada", de quem procura não interferir no que está vendo, o sociólogo conseguiu estabelecer um método que considera único para essa faixa etária, com observações feitas com crianças e não apenas sobre elas.
Ao frequentar tantas escolas desde a década de 1980 e ver os primeiros grupos de crianças estudadas se tornarem pais e mães, Corsaro percebeu que as crianças, mesmo pequenas, não vivem só de imitar os adultos.
Elas têm, segundo o professor, sua própria maneira de interagir com os outros e com o mundo à sua volta, elas estabelecem regras, desafiam os maiores e procuram formas alternativas de serem aceitas.
"As crianças aprendem estratégias de interação entre e com elas mesmas", diz.
Para Corsaro, muito do aprendizado na faixa etária pré-escolar advém apenas do fato de as crianças estarem em contato umas com as outras, sem imposições ou atividades coordenadas.
"Elas deveriam ter mais oportunidade para brincar livremente, com menos intervenção dos professores. A pré-escola não pode ser só uma preparação para a escola."
O sociólogo, no entanto, não minimiza a importância de, com a supervisão de adultos, serem propostas brincadeiras que as estimulem e as desafiem.
"As regras são necessárias, mas elas não podem inibir a criatividade", opina.
O resultado das décadas de observações de Corsaro está no livro "Sociologia da Infância" (Artmed), que acaba de ter sua segunda edição, ampliada e revisada, lançada no Brasil.
Fonte: Folha.com
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